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Lixões: iniciativas para dar destinação correta para resíduos se multiplicam

Só 3% dos resíduos produzidos no país são reciclados. Isso sobrecarrega lixões e aterros, e joga fora R$ 10 bilhões por ano em materiais que poderiam ganhar outra função.

O Jornal Nacional exibiu, neste sábado (27), uma reportagem especial sobre um problema enorme: os lixões. Nós mostramos que toneladas de resíduos são despejadas a céu aberto, em todo o país, gerando gases e um líquido poluente que atinge os lençóis freáticos.

O Brasil ainda convive com quase 3 mil lixões. E cinco anos depois do prazo para o país acabar com os locais, prefeitos querem mais tempo para cumprir a lei.

Nesta segunda-feira (29), o repórter Alan Severiano mostra iniciativas para enfrentar esse problema.

Só 3% dos resíduos produzidos no país são reciclados. Isso significa sobrecarregar lixões e aterros, além de jogar fora pelo menos R$ 10 bilhões por ano em materiais que poderiam ganhar outra função.

A cidade de São Paulo é a que mais gera resíduos. São 20 mil toneladas por dia. Cerca de metade é de material orgânico como frutas, legumes e verduras. Um programa de compostagem no Centro e também nos bairros está dando um novo destino a essas sobras, que iam parar nos aterros.

O material recolhido em feiras e mercados é misturado a resíduos de podas de árvores, e recebe um composto de fungos e bactérias, que decompõem a matéria orgânica. A temperatura acima de 50 graus mata os micróbios.

E o resultado, cinco meses depois, é adubo. “Ele é utilizado nas hortas da cidade, no plantio de árvores, na reforma de praças. Ao tratar um resíduo num pátio de compostagem, a geração de gases de efeito estufa chega a ser oito vezes menor do que mandar esse material para um aterro sanitário”, explicou Rafael Golin, coordenador de Resíduos Orgânicos da Prefeitura de São Paulo.

Por ano, nove mil toneladas de resíduos deixam de ir para os aterros. Em vez de urubus, a paisagem bucólica atrai pássaros.

Iniciativas para dar destinação correta e aproveitar os resíduos se multiplicam. Em Presidente Prudente, interior de São Paulo, o chorume produzido pelo aterro agora passa por um sistema de tratamento, que separa o sólido do líquido e devolve água limpa à natureza.

O lixo orgânico de um aterro em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, é usado para produzir gás de cozinha, industrial e veicular. Por ano, 530 mil toneladas de metano deixam de ser lançadas na atmosfera.

Em 2018, Alagoas se tornou o primeiro estado do Nordeste a erradicar os lixões. Os 102 municípios agora usam aterros sanitários e centrais de tratamento de resíduos. Mas como transformar exceções em regra?

Anne Germain, da Associação Americana de Resíduos, diz que o Brasil é hoje o que os Estados Unidos eram nos anos 1980, quando os americanos conviviam com mais de 10 mil lixões e hoje não têm nenhum. Lá, o governo determinou a substituição por aterros sanitários. Municípios menores fizeram consórcios e passaram a cobrar uma taxa para dar destinação correta ao lixo.

O Mato Grosso do Sul implantou uma experiência parecida, com o Tribunal de Contas e o Ministério Público pressionando as prefeituras. Em dois anos, o estado reduziu pela metade o número de municípios que mandam resíduos para lixões. Como em Sidrolândia, onde o chorume contaminava o solo. A cidade passou a cobrar de R$ 6 a R$ 20 de cada residência.

“Um absurdo. Porque, para a gente que é pobre – só o meu marido trabalhando -, pagar R$ 20 na taxa de um lixo”, reclama a dona de casa Daina Marques de Souza. “É bom, né? A gente espera que eles peguem e deixem o lixo certinho. No lugar apropriado para que, no futuro, a gente não sofra as consequências”, afirma o auxiliar geral Vitor Alves dos Santos.

Com a arrecadação, a prefeitura passou a mandar o lixo para um aterro sanitário particular. “O chorume que gerar vai para um tanque de tratamento e vai virar água de reuso, vai ser tratado. O gás, eu vou queimar e vai virar vapor de água. Ele também não polui”, explicou Valdemir José Bueno, diretor do aterro.

“E a gente vai economizar na saúde, vai economizar na compra de remédio. Então, isso é um ganho indireto no processo da gestão pública”, destaca o secretário de Meio Ambiente de Sidrolândia, Ivan de Oliveira Santos.

Os números mostram que, quanto mais cedo se enfrenta o problema, melhor. O custo de destinar uma tonelada de resíduos para um aterro sanitário é 38 vezes menor do que recuperar uma tonelada de detritos num lixão.

Fonte: G1

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