Essas substâncias podem produzir efeitos negativos em diversos órgãos e sistemas do corpo humano, como hematopoiéticos (interfere no processo de maturação dos elementos do sangue), hepáticos, renais e pulmonares, além de produzir alterações no humor e nas funções cognitivas.
Para reduzir os riscos, a SBD elaborou um guia com orientações aos envolvidos no processo das praias e outras pessoas que, acidentalmente, coloquem a pele em contato com petróleo.
Nas ações de limpeza do óleo derramado nas praias, a pessoa deve usar equipamentos de proteção, como óculos, luvas e roupas que cobrem membros superiores e inferiores (mangas compridas e calças). As luvas mais apropriadas são as de nitrila ao invés das de borracha, pois protegem mais contra óleos, graxas e petróleo. A lavagem deve ser imediata após o contato.
Caso, mesmo com essa proteção, ocorra o contato, a pele deve ser lavada com água e sabão. A aplicação de óleos para bebês, geleia de vaselina ou pastas utilizadas por metalúrgicos para remover óleos e graxas facilita a remoção. Após a retirada dos resíduos, a aplicação de cremes ou loções hidratantes ajuda a melhorar as condições da pele. Não se deve usar solventes (tíner, aguarrás, óleo diesel, querosene ou gasolina) para retirar o óleo. O contato com esses produtos aumenta o processo irritativo, piorando a dermatite de contato.
Cuidados
Moradores e turistas que estão nas regiões afetadas pelo derramamento devem evitar contato direto com o óleo, principalmente crianças e gestantes.
Também não devem inalar os vapores gerados pelo óleo e usar protetor solar de amplo espectro, com fator de proteção acima de 30.
“É importante observar as orientações da vigilância sanitária para o consumo de alimentos, como peixes e mariscos, provenientes das áreas afetadas”, destaca.
Sintomas
Os sintomas mais comuns, em caso de contato com o óleo, são irritação e dor nos olhos, coceira e olhos vermelhos.
Já os sintomas respiratórios são irritação e dor de garganta, tosse, respiração mais difícil e coriza.
Podem surgir ainda dor de cabeça, náusea, tonturas e fadiga, além de ferimentos e traumas.
A pele pode ficar irritada e vermelha, evento conhecido como dermatite de contato. Os efeitos pioram se a pele permanecer exposta ao sol, podendo causar queimaduras solares.
Crianças
A Sociedade Brasileira de Pediatria pede aos pais ou responsáveis que não liberem crianças e adolescentes para banho em áreas atingidas pelo derramamento.
A população dessas faixas etárias não deve fazer parte das equipes que atuam na limpeza dos locais afetados. A mesma orientação vale para gestantes em qualquer período da gravidez.
Conforme a SBP, o banho de mar nestas áreas só deve ser liberado por orientação das autoridades navais e sanitárias, após certificação da inexistência de novas fontes de contaminação (manchas de óleo ou presença de óleo no sedimento marinho, recifes e manguezais) em cada local.
No caso de crianças e adolescentes, o cuidado com o consumo de peixes e moluscos deve ser ainda maior.
Pais e responsáveis devem acompanhar as análises em amostras colhidas nos diversos locais afetados até a definição da ausência de risco para o consumo humano.
Pele
A SBP recomenda que, se houver contato do óleo com a pele, deve-se remover a substância com papel higiênico ou guardanapo molhado em óleo de cozinha, lanolina ou glicerina e a seguir lavar a região afetada com água e sabonete.
A entidade alerta ainda que o dano para a pele será mais grave quanto maior for o tempo de contato e a quantidade da substância.
Mesmo um contato eventual com o petróleo pode determinar a dermatite de contato, na qual a pele fica avermelhada depois de 8 a 12 horas. Na sequência, haverá descamação. As lesões podem demorar vários dias para melhorar. “As crianças, que tem a pele mais fina e sensível, apresentam um risco maior de apresentar transtornos, inclusive queimaduras”, alerta.
A SBP lembrou a necessidade de o governo garantir assistência médica suficiente a todas as pessoas expostas ao óleo. Recomendou ainda que os voluntários e moradores sejam cadastrados para permitir um posterior seguimento dessas populações para identificar manifestações de longo prazo e oferecer suporte.
As orientações da SBP foram elaboradas com as contribuições de três departamentos científicos – Alergia, Dermatologia e Toxicologia, e Saúde Ambiental.
Em caso de dúvida, os pacientes podem entrar em contato com o Centro de Informações Toxicológicas do Ministério da Saúde pelo telefone 0800-7226001.
Fonte: Estadão