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Economia circular: o vai e vem bem traçado

Na contramão do sistema produtivo linear, a logística reversa aparece como uma solução sustentável na atividade econômica. Entretanto, engana-se quem pensa que a reciclagem diz respeito apenas ao descarte adequado de produtos: ela faz parte do universo da economia circular. Neste modelo, as responsabilidades são tanto da sociedade civil e do poder público quanto da iniciativa privada.

Junto com políticas públicas, infraestrutura, conscientização e descarte adequado, o design dos produtos, cadeia de produção e processos que envolvem a iniciativa privada fecham o ciclo logístico ecológico. Deste modo, muitas empresas já se adaptaram ou estão iniciando a adequação sustentável.

Como exemplo, a Braskem desenvolveu o polietileno – uma das matérias-primas para fabricação de plástico – ecológico, feito a partir da cana de açúcar. “Existe pesquisa para que consigamos também o polipropileno de fonte renovável”, conta a representante de economia circular da empresa, Cristiane Rossi.

Ao todo, a empresa petroquímica brasileira implantou oito projetos em compromisso com a cadeia de reciclagem. Os esquemas envolvem investimentos na produção de produtos renováveis, novas tecnologias em sistemas de desenvolvimento de mercadorias, programa de logística de coleta e reciclagem de copos polipropileno, amparo e capacitação de consumidores finais em programas de reciclagem, ampliação de estudos sobre o ciclo de vida dos produtos, auxílio à medição e comunicação dos índices de reciclagem nas embalagens por meio de selos, apoio às parcerias destinadas a prevenção e solução do lixo nos mares.

Grande desafio, grandes soluções

A Votorantim Cimentos também desenvolveu soluções para reaproveitar resíduos sólidos, o coprocessamento. Dentre outras coisas, a empresa produz cimento a partir da substituição do clinquer (calcário queimado, que é um dos principais componentes do cimento) resíduos de outras indústrias (cinzas de termelétricas, escória de siderurgia, etc.).

O consultor global de eco eficiência da Votorantim Cimentos, Fábio Cirilo, conta que a produção do cimento consome uma grande quantidade de combustível – principalmente coque de petróleo – e em volumes muito grandes. “Podemos reduzir o impacto substituindo esse combustível por quase qualquer outra coisa, como resíduos industriais, resíduos sólidos urbanos, e até caroço de açaí”, explica.

A fábrica da Votorantim no Pará – maior estado produtor de açaí do mundo – passou a coletar o caroço da fruta para transformar em biomassa e utilizá-la como combustível. A cada 90 mil toneladas de caroço, 100 mil toneladas de carbono deixam de ser emitidas, além de poupar o metano que seria emitido com o resíduo da produção e açaí aterrado.

Esses são apenas alguns exemplos das iniciativas da empresa para contribuição da cadeia de logística reversa. “Começamos a desenhar estudos e avaliação de ciclo de vida (ACV) para cada um desses cases isolados e percebemos que, na verdade, dava para juntar tudo isso num contexto de economia circular”, explica Cirilo.

A Votorantim Cimentos conta com um sistema completo de logística reversa durante todo processo produtivo do cimento, envolvendo, inclusive, todas as outras indústrias que se conectam com a empresa de alguma forma. “A Votorantim entende que a Política Nacional de Resíduos Sólidos precisa ser implantada da melhor forma: não gerar, reutilizar, reciclar e processar. Ou seja, tudo o que não pode ser reciclado precisa ser processado”, afirmou.

Revolução tecnológica

Um dos vencedores do Prêmio Eco 2015, o Sinctronics, unidade de logística reversa do grupo asiático Flextronics, reaproveita resíduos eletrônicos para fabricação de novos equipamentos. A empresa obtém os resquícios de pontos de coleta e recupera materiais, como resinas e peças plásticas, para a fabricação de novos produtos.

Desde que começou a operar em 2013, o Sinctronics já reaproveitou mais de R$ 3 milhões em materiais de TI (Tecnologia das Informações) e Telecom que seriam jogados em lixões ou aterros. “A reciclagem de eletrônicos no Brasil é pequena, representa de 1% a 2% da produção total. Em países mais maduros, esse percentual chega a 20%”, declara o diretor geral da companhia, Carlos Ohde.

A diretora de desenvolvimento institucional do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebeds), Ana Carolina Szklo, afirma que, de fato, as empresas esbarram em alguns entraves brasileiros para que a sustentabilidade seja mais ampla e ganhe escala nos sentidos corretos. “Se temos uma solução que acaba sendo mais cara para reutilizar tem alguma coisa errada nessa equação que a gente precisa resolver; se é a questão de logística, se é a questão de regulamentação, etc.”, avalia.

Fonte: Estadão

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