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Limpeza sustentável e inclusiva em todos os aspectos
Com projeto que inclui população socialmente vulnerável e a coleta seletiva, Guaíra (SP) tem meta de ser cidade sustentavelmente limpa
Guaíra, pequeno município a 450 km de São Paulo, é um exemplo quando o assunto é a realização da limpeza pública de forma ambientalmente sustentável e socialmente inclusiva. No setor, entre os serviços oferecidos, o mais notado pela população é a coleta de lixo doméstico.
Com pouco mais de 40 mil habitantes, a cidade faz a coleta de lixo e sua destinação em aterro sanitário licenciado nos órgãos ambientais. São recolhidos todos os meses, em média, 900 toneladas de lixo residencial e comercial.
Enquanto a coleta de lixo doméstico e comercial é feita diariamente por uma empresa terceirizada, respeitando um cronograma feito detalhadamente para atender todos os cantos da cidade durante a semana, a coleta dos materiais inservíveis produzidos pela cidade é feita regularmente diretamente pela Prefeitura de Guaíra há mais de 40 anos. Conhecido como “lixo de quintal”, estes materiais, como aparas de grama, resíduos de capinação e galhos de árvores, são coletados, triturados, como no caso de galhos de árvores, e destinados a aterros.
No caso das podas processadas, o material é depositado para cura e é usado como adubo natural para canteiros de avenidas e praças da cidade.
Percebendo a qualidade e quantidade da matéria prima, a Secretaria de Agricultura do Município começou a doar o substrato para pequenos produtores. Os agricultores fazem a compostagem produzindo um poderoso fertilizante para jardinagem e horta. Um fim nobre para uma matéria, antes desprezada, que só tomava espaço nos caros aterros sanitários.
ENTULHO DE CONSTRUÇÃO
Os restos de construções é um capítulo a parte na coleta realizada em Guaíra. Há 27 anos a cidade investe na forma correta de realizar a recolha e também na destinação dos resíduos de construção. Na cidade quem vai construir já sabe, é preciso contratar o serviço de caçamba feito pelo Departamento de Água e Esgoto de Guaíra (Deagua), concessionária pública e municipal de saneamento da cidade.
Além das caçambas, existe ainda a possibilidade do construtor, no caso de pequenas quantidades, realizar a contratação de coletores particulares. Neste caso, seguindo a ideia de manter uma cidade sustentavelmente limpa, os prestadores de serviço são orientados pelo setor de Fiscalização da Prefeitura e tem a autorização de fazer a destinação dos detritos de forma correta no aterro público da cidade.
No ano passado, por intermédio de um consórcio de municípios, Guaíra recebeu por uma temporada um triturador de entulho. Na ocasião, foram produzidas toneladas de agregado que foram utilizadas em aterros e também em consertos de estradas de terra na zona rural do município.
INCLUSÃO
Pensando na geração de renda e também na inclusão, o Serviço de Assistência Social mantém na cidade uma frente de trabalho, projeto de socialização e reinserção ao mercado de trabalho. Conhecida como “Trabalho Cidadão”, a iniciativa foi montada a partir de uma avaliação social, com preferência para os desempregados em maior vulnerabilidade social. Atualmente a turma conta com 153 trabalhadores temporários, sendo 100 apenas na varrição, que executam a função devidamente uniformizados. O projeto é uma forma da Assistência Social proporcionar aos atendidos pelo setor um auxílio com incentivo a autoestima.
“Trabalho Cidadão”, atendidos pela Assistência Social têm dignidade sendo remunerados por ajudar a manter a cidade limpa — Foto: Divulgação Prefeitura Municipal de Guaíra
RECICLANDO VIDAS
Recentemente, com incentivo da administração municipal, a Cooperativa de Trabalho de Recicladores de Guaíra (Coopergua) se reorganizou e passou a atuar com os roteiros de recolha em um dia da semana para cada região da cidade.
Para auxiliar na iniciativa, a Prefeitura cede para os cooperados caminhão com motorista, barracão para separação e triagem e prensa para o empacotamento. Apesar de ser uma cidade pequena, em 2018 a cooperativa conseguiu coletar 84 toneladas de material reciclável. Aquilo que era lixo e entupiria os aterros sanitários, volta para o mercado em novos produtos de consumo. Neste ciclo o material gera renda e cidadania para os cooperados.
Para a Prefeitura, a coleta seletiva, além de promover inclusão social, gera economia já que hoje a legislação ambiental exige que o lixo doméstico seja depositado em aterro sanitário que segue minuciosas regras para evitar a contaminação do solo. Procedimento caro, porque além da coleta tem o transporte e manutenção, inclusive com a drenagem mecânica do chorume. Atualmente cada quilo de lixo gerado nas casas e comércios de Guaíra custa aproximadamente R$ 0,29 aos contribuintes.
Mais que o valor monetário, é preciso incluir na fatura o viés ambiental, com a perda de preciosas parcelas de solo altamente produtivo da região norte de São Paulo. Um aterro cheio se torna terreno condenado por dezenas de anos.
Com a coleta seletiva, muito espaço é economizado nos aterros. De acordo com levantamento do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, 30% dos detritos domésticos poderiam ser reciclados. Ou seja, se a coleta seletiva for eficiente, um terço de solo produtivo é poupado. No quesito monetário numa divisão simples: cada morador de Guaíra gera 22,5 kg de resíduos por mês, pode reciclar até 7,5 kg, economizando prontamente R$ 2,17 na coleta de detritos domésticos.
Fonte: G1